No Brasil, há importantes variações regionais na incidência de cânceres ginecológicos. Contudo, o tipo mais comum continua sendo o câncer de colo de útero, uma doença que, apesar de ser amplamente prevenível através do exame de Papanicolau e da vacinação contra o HPV, ainda representa um grande desafio de saúde pública. O câncer de endométrio ocupa o segundo lugar em incidência, seguido pelo câncer de ovário, que, embora menos frequente, apresenta maior agressividade e dificuldade de detecção precoce.
Câncer de Colo de Útero, Vulva e Vagina: O principal fator de risco para esses tipos de câncer é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), especialmente as variantes de alto risco. A persistência da infecção por HPV pode levar ao desenvolvimento de lesões precursoras que, se não tratadas, evoluem para câncer.
Câncer de Endométrio: A obesidade é o principal fator de risco associado ao câncer de endométrio, devido ao desequilíbrio hormonal causado pelo excesso de tecido adiposo. Outros fatores incluem a Síndrome de Lynch, uma condição hereditária que aumenta significativamente o risco de câncer de endométrio, além de outros tipos de câncer.
Câncer de Ovário: O risco de câncer de ovário é particularmente elevado em mulheres com histórico familiar de câncer de mama e/ou ovário, especialmente aquelas que possuem mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Além disso, fatores como a obesidade, a ausência de gravidez ao longo da vida e o uso prolongado de terapia de reposição hormonal também aumentam o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer.
Vacinação contra o HPV: A vacina contra o HPV, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos em dose única, é uma estratégia crucial na prevenção de cânceres associados ao vírus, como o câncer de colo de útero, vulva e vagina. No setor privado, a vacina está disponível para mulheres até 45 anos.
Exame de Papanicolau (Preventivo Ginecológico): A realização anual do exame preventivo ginecológico (Papanicolau) por um ginecologista é uma ferramenta eficaz para a detecção precoce de lesões precursoras do câncer de colo de útero, reduzindo significativamente o risco de progressão para o câncer invasivo.
Hábitos de Vida Saudáveis: A manutenção de um peso saudável, a prática regular de atividades físicas e o controle da obesidade são fatores que contribuem para a redução do risco de câncer de endométrio, além de terem um impacto positivo na prevenção de outros cânceres ginecológicos.
O tratamento cirúrgico para os cânceres ginecológicos varia de acordo com o tipo de tumor, estágio da doença e as características individuais da paciente. As principais abordagens incluem:
É a técnica tradicional em que o cirurgião realiza uma incisão abdominal para acessar os órgãos pélvicos. Está indicada principalmente nos tumores de ovário mais avançados para realização do que chamamos de Citorreducao (ressecado completa de todo tumor macroscópico visto na cirurgia).
Esta técnica minimamente invasiva envolve pequenas incisões pelas quais são introduzidos instrumentos cirúrgicos e uma câmera para guiar o procedimento. A laparoscopia é associada a menor tempo de recuperação, menos dor pós-operatória e menores cicatrizes, além de resultados oncológicos equivalentes à cirurgia aberta em muitos casos.
A cirurgia robótica é uma evolução da laparoscopia, em que o cirurgião utiliza um sistema robótico para realizar o procedimento com maior precisão. Essa técnica oferece uma visualização 3D detalhada e maior amplitude de movimento dos instrumentos, o que pode ser benéfico em casos de cirurgia complexa ou quando a preservação de estruturas delicadas é essencial. Como a laparoscopia, a cirurgia robótica resulta em menor dor, menos tempo de internação e recuperação mais rápida.